Páginas

jueves, 3 de junio de 2021

elDiario.es 22 de mayo de 2021

 SALGUEIRO MAIA. DE LAS GUERRAS EN ÁFRICA A LA REVOLUÇÃO DOS CRAVOS

En el cementerio de Castelo de Vide hay un túmulo sencillo, bien iluminado por el sol, mirando para el verde de la Serra de S. Mamede: la sepultura del “Capitão de Abril” Fernando José Salgueiro Maia, nacido en esta población del Alto Alentejo el dia 1 de Julio de 1944. Situado en “campa rasa”, como él había escrito el 28 de Junio de 1989, cuando ya tenía conocimiento de su dolencia irreversible, de un terrible cancro:

Determino - escribiría de su puño y letra en papel de rayas - que desejo ser sepultado em Castelo de Vide, em campa rasa, e utilizar o caixão mais barato do mercado; o transporte do mesmo deve fazer-se pelo meio mais económico de preferência em viatura militar. Durante o funeral somente a presença dos amigos a quem peço para entoarem “Grândola Vila Morena” e “Marcha do M.F.A.”.

Santarém 28 de junho de 1989. O declarante Salgueiro Maia”

El también Capitão de Abril y amigo, Vasco Lourenço, declaró que Salgueiro Maia le había confssado en ese mismo ano: “Vou pedir para se cantar no meu funeral ‘Grândola, Vila Morena’ porque haverá muitos indivíduos que oportunistamente vão querer ficar na fotografia do meu funeral e eu vou forçá-los a cantar ou pelo menos ouvir cantar ‘Grândola, Vila Morena’”. Cuando le comunicó el fatal desenlace su mujer, estando de visita oficial en Jerusalén, él diría: “Eu sei, eu sei, porque ele me disse[1].

Fernando Salgueiro Maia entró en la Academia Militar, en Lisboa, el día 6 de Octubre de 1964, con 20 años de  edad, cuando já estava declarada la guerra en los tres escenarios coloniales: Angola (1961), Guiné (1963) e Moçambique (1964). Pasa para la Escola Prática de Cavalaria (EPC), en Santarém, para continuar su formación. Dos años despuis parte para el norte de Moçambique. “Crê sinceramente - escribe Sousa Duarte - que as causas pela qual se batem as tropas portuguesas ‘são justas’ e o isolamento ‘uma consequência da inveja, da Guerra Fria e... outros interesses económicos das grandes potencias’ [2].

Mas cuando ya lleva nueve meses en lo que era su primera comisión de servicio, ya es consciente de la dura realidad. O ambiente que se vivia em Mueda (noroeste de Moçambique) era inesquecível: a toda a hora do dia chegavam de avião feridos graves ou mortos; as amputações de membros eram diárias, as emboscadas nos itinerários de acesso e os ataques aos aquartelamentos da zona uma constante”, escribe en sus memorias[3].


Comprendiendo que está del lado errado, participa con responsabilidad del Movimento dos Capitães y de la Revolução de Abril de 1974. Y reconoce el propio Otelo que “Salgueiro Maia iria a ser o comandante de força do Movimento mais sujeito a situações de perigo e de tensão ao longo do dia 25 [...] e que farão concentrar sobre ele e as forças da EPC as preocupações do posto de comando e as atenções e o carinho das massas populares que, a partir do Terreiro do Paço, não mais deixarão de o acompanhar e aos seus homens, guindando desde logo o jovem capitão às culminâncias de primeira estrela do MFA vitorioso[4].

Su gloriosa participación enel Golpe militar será más tarde injustamente manchada. El tempestuoso 25 de Novembro de 1975 tendrá consecuencias negativas para Salgueiro Maia. Y si el 11 de Março fue acusado de apoyar a los spinolistas en su fracasado Golpe, ahora las sospechas serán de falta de celeridad en la participación contra las fuerzas de izquierda[5].

Esa situación incómoda va a durar en el tempo, extendiéndose a la jerarquía militar y representantes políticos. En 1988, en entrevista concedida a Fernando Assis Pacheco, le confesaba: “deploro que tendo nós realizado um acto ímpar - pela primeira vez na História da Humanidade uma força militar realiza uma acção de destruição de um poder sem se apropriar desse poder -, isto que em todos os países é relevante, passa aqui pura e simplesmente despercebido, ou então, ao contrário, serve de base para sermos marginalizados, quando não tratados como traidores à Pátria”. Y por eso, ya no iría a las sesiones oficiales de las comemoraciones del 25 de Abril, “porque muitas vezes o que se ouve é assim um esquema do «Vamos contar Mentiras» que não me deixa muito bem disposto[6].

En 1989 comienza a sentirse mal. No hay remedio para el cáncer que sufre, falleciendo el 4 de abril de 1992. Nuestro ilustre Capitão bem podría haber dicho lo que su amigo y ex -Presidente da Câmara de Castelo de Vide, Carolino Tapadejo, escribe sobre sí mismo en el volumen “Memórias e Vivências de Paixão”: tinha feito uma reflexão sobre quem poderiam ser os seus inimigos e, no final, tinha ficado radiante, pois entre os que conseguira identificar, não havia nenhum honesto![7].

MOISÉS CAYETANO ROSADO




[2] SOUSA DUARTE, António de: Salgueiro Maia. Um homem da liberdade. Âncora editora. Lisboa, 2014. (12ª edição). Pág. 41.

[3] SALGUEIRO MAIA: Capitão de Abril. Âncora editora. Lisboa, 2014 (3ª edic.). Pág. 16.

[4] SARAIVA DE CARVALHO, Otelo: Alvorada em Abril. Livraria Bertrand, Lisboa, 1977.  Pág. 424.

[5] CRUZEIRO, Maria Manuela: Vasco Lourenço. Do interiro da Revolução. Âncora Editora. Lisboa, 2009. Pág. 545.

[6] SALGUEIRO MAIA, Fernando: Obra citada. Págs. 216-217.

[7]TAPADEJO, Carolino: O menino Órfão, en MÃO DE FERRO, Fernando: Memórias e Vivências de Paixão. Edições Colibri. Lisboa, 2020.

 

No hay comentarios:

Publicar un comentario