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jueves, 25 de julio de 2024

 INTERVENÇÃO DO COMPANHEIRO ANDRADE DA SILVA NA APRESENTAÇÃO DO LIVRO “O MEU 25 DE ABRIL” EM VILA NOVA DE GAIA

Capitães de Vila Nova de Gaia

Grande saudação a todos vós, grande saudação ao capitão Cerqueira e a todos os que trabalham nas associações e autarquias que são, no cumprimento das suas funções para o povo e com o povo, uma expressão real do 25 de Abril em Portugal, na Península Ibérica, na Europa, e cremos que no mundo. 

Onde há guerras na Ucrânia, em Gaza, e ditaduras, que tanta fa
lta faz uma diplomacia militar que leve a todos a mensagem militar de Salgueiro Maia de que é preciso desobedecer quando a máquina militar, em vez de ser usada na legitima defesa, é usada como uma força opressora e aqui as forças armadas devem dizer não à guerra, e lembrar aos poderes políticos que para determinadas soluções como em Gaza com forças do tipo Hamas deve haver uma solução política, porque o Hamas não sendo um exército regular não pode ser derrotado com armas.

A solução política deve ter a primazia em todos os capítulos, porque como no caso da Ucrânia, uma vitória militar custará, como já está a custar, mortos, emigração para milhares de pessoas e uma destruição incalculável.

Portanto, esta é uma mensagem inicial da ASM com a autoridade moral, civilizacional e da inteligência, porque nós estivemos na guerra, e somos também construtores da paz.

Como o Abril que celebramos foi vitória vimos a parte da celebração da vitória no vídeo que apresentámos. E agora através da obra “O meu 25 de Abril” acompanhamos alguns percursos de antes do 25 de Abril. Percursos de pessoas simples, de concidadãos como nós, o que, para uns será memória e memória é vida, logo, um bem, e para outros conhecer aquelas realidades para se saber que os caminhos são difíceis, mas há objectivos atingíveis, e também é importante conhecer a história para reconhecer o valor deste presente que é o nosso aqui e agora, bem melhor do que o passado salazarista por todas as razões: umas mais esperadas do que outras, como a evolução científica, técnica, etc, e outra, a maior, a mais bela, a liberdade de se exprimir, a liberdade de construir o futuro, a liberdade política, cultural e sexual nem sempre esperada. De facto, a liberdade é o maior bem que Abril nos trouxe, mas a liberdade é uma construção diária e, por vezes, há areias movediças e outros truques que nos enganam, dizendo que são liberdade ,mas são destruição da liberdade.

Esta luta entre liberdade e opressão, amor e ódio, paz e guerra, é milenar, logo, muito, muito difícil de alterar, mas pode-se alterar como foi com a revolução do 25 de Abril de 1974 que sucumbiu depressa.

No 25 de Novembro de 1975 não houve nenhuma vitória de Abril, nem da humanidade, simplesmente houve uma reorganização para que a revolução terminasse, e se volvesse a uma determinada normalidade que nos trouxe, no nosso caso, para o círculo do poder que não se distingue pelas melhores e mais determinantes qualidades de Abril. As qualidades de Abril são: 

      - A liberdade

     - A democracia

     - O desenvolvimento, no sentido de atingirmos um estado de equidade, de dignidade e qualidade de vida digno, honestidade e ética

     - A dignidade – o termos a capacidade de, desde o nascimento até à hora da partida final, vivermos, conforme a nossa natureza humana e de inteligência.

Mas para chegarmos a este 25 de Abril percorremos um caminho muito difícil de 48 anos com prisões, fome, guerra, emigração forçada, mortes, tortura, etc.

Deste caminho percorrido 40  concidadãos portugueses e espanhóis dão notícia nesta obra “O meu 25 de Abril”. Cada um  fala, diz o que viveu e sentiu. É uma obra deste ponto de vista, majestosa, e também foi quanto ao esforço extraordinário para a produzir e editar, e destes grandes capitães –somos todos capitães – destaco os nossos companheiros Vitor Pássaro e Fernando Frederico, o acto muito nobre e inigualável da edição desta obra do nosso companheiro espanhol Moisés Cayetano Rosado, um grande capitão com um perfil à Salgueiro Maia e também à Vasco da Gama e Cervantes, um viajante que não pára.

A obra – 40 cidadãos, uns militares que estiveram na guerra em África e no 25 de Abril e de cidadãos e cidadãs civis que viveram os tempos anteriores como a nossa companheira Célia em muitas lutas ,e uma jovem alentejana no 25 de Abril com 13 anos, que vivia em Montemor-o-Novo e fala do horror, que disparava ao ouvir-se falar que estava por ali a GNR. De facto no Alentejo as populações estavam sujeitas à ditadura fascista e dos latifundiários o que tornava ali a vida muito difícil, porque para sobreviver era preciso trabalhar as terras dos outros por salários baixos, e sempre sob a ameaça dos tiros e dos cassetetes das policias se não concordassem, para além das idas á guerra e das prisões pelos pides a qualquer hora.

Também se dá noticia do que eram as dificuldades na guerra, das mortes e dos feridos e das operações militares muito complicadas, como foram aquelas na Guiné, onde, Salgueiro Maia esteve envolvido, tendo de regressar à guerra depois de já ter terminado o cumprimento da sua missão, os dois anos de guerra. Depois voltar ao combate é muito, muito difícil ,e só um grande capitão poderia manter a coesão e a disciplina para evitar desastres  ou deserções , o que, estava fora do radar da quase totalidade dos militares oficiais e sargentos do quadro permanente.

Como Salgueiro Maia é visto por um seu subordinado Amadeu Romão – homem simples que transmitia confiança, com uma estatura moral evidenciada.

A guerra em África, as cenas dolorosas, mas também a camaradagem e a confraternização. Os dramas dos chamados  cacimbados, militares com problemas psicológicos e/ou psiquiátricos não identificados.

As relações amistosas e positivas com as populações negras. Pessoalmente fui professor e até servi de ajudante de enfermeiro para ajudar a meter partes das tripas de um homem atingido por uma bacaça. Ainda vejo a tripa com cor rósea, grandes balões e mal cheirosa. Lá metemos a tripa dentro do abdómen e a vitima assistida na Damba/Angola é depois evacuada para Carmona. Não sei depois mais nada.

Fala António Pinão do comportamento da rapaziada da União dos Estudantes Comunistas do seu liceu com quem clandestinamente colaborava desde 1972. Este companheiro é um homem muito vigoroso e apaixonado pelo 25 de Abril de 1974 e por toda a sua gesta.

Dá testemunho Carlos Arinto, um escritor com uma obra sobre a guerra, onde, também dá notícia sobre mim que fui seu instrutor na Escola Prática de Artilharia, de Vendas Novas, instrução rigorosa para poupar vidas e cumprir este objectivo – uma glória maior! Diz e bem, todos queríamos regressar da guerra. Nós, os oficiais seus comandantes, ouvimos este grito e em nome de todos, e por todos, fizemos o 25 de Abril.

Para pôr termo ao cortejo de dor e terror de 10 mil mortos, 50 mil feridos nos contingentes continentais e falam de 100 mil entre os negros africanos.

O depoimento do nosso companheiro Maia Loureiro, o alferes, que junto de Salgueiro Maia, logo, no 25 de Abril de 1974 foi o primeiro a fazer o V da vitória, e teve uma conversa crucial, humana, responsável, quando Salgueiro Maia se dirige para fazer frente ao Brigadeiro Junqueira dos Reis, comandante dos carros de combate do regime que queriam travar o movimento da história, para o que o Sr. Brigadeiro deu ordem ao alferes Sottomayor para fazer fogo contra Salgueiro Maia, que recusou – e ,aqui, como diz o filósofo João Gil faltou o cordeiro pascal, o sangue derramado de Salgueiro Maia, se tivesse acontecido tudo seria muito diferente, como ??? Claro, não se sabe.

O então jovem Diogo Serra dá noticia do seu trabalho na editorial “A Rabeca”, das oposições em Portalegre.

Também dou testemunho da nossa gloriosa saída às 03H00 do dia 25 de Abril 74 da gloriosa Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas, e das múltiplas e gloriosas acções em que estivemos envolvidos até chegarmos ao Cristo-Rei para batermos e afundarmos qualquer navio de guerra que quisesse travar o nosso feito.

Ninguém se atreveu graças ao trabalho antes feito ,e nós agimos, como juventude capitã, nesta ida de Vendas Novas para o Cristo-Rei também vem connosco o furriel Vitor Pássaro que regressará comigo a quartéis, e depois há-de estar no terreno até ao 25 de Novembro de 1975.

Um depoimento do nosso camarada Cardoso de Sousa, então, alferes na guerra e no teatro de operações na Guiné. Sujeito a vários bombardeamentos sem consequências , coisas inesperadas não morremos porreiro ! Os poderosos ataques aos nossos aviões com misseis terra-ar que nos roubam a supremacia aérea com graves consequências militares para as nossas forças, com menos capacidade de sermos defendidos, ou evacuados no caso de acidentes, logo, algo de muito assustador. E temperaturas de 50º.

O drama do isolamento e o louvor por poder relembrar a sua história nesta obra. Bem-haja !

Ouvimos Fernando Frederico a sua vida difícil, as memórias da 1ª. guerra que envia a outros. Um jovem leitor. Operário aos 20 anos. Vai para o norte de Angola, quando regressa ingressa no quadro permanente de oficiais. Uma vida rica de combates e vitórias.

Fernando Pinto o aluno que é acordado pelo 25 de Abril, virá a ser (é) professor para falar de Abril. O Serviço Cívico em 75 e 76 experiências marcantes.

Helena Biscaia, uma heroína de Setúbal e poeta.

Leonardo Antão oficial do Q.P. mas, então, aluno da Academia Militar do curso de engenharia. A Academia Militar foi um palco de grandes acontecimentos bastante esquecidos. …..coisas.

O nosso companheiro Manuel Augusto Silva que esteve no Largo do Carmo ao lado de Salgueiro Maia comandando a Chaimite Bula que transportou Marcelo Caetano para o Posto de Comando da Pontinha.

O depoimento de um nortenho de sete costados de Vieira do Minho, Manuel Pinto da Costa.

Mariano Garcia um capitão com larga história de vida, fala-nos.

Vários capitães lutadores e poetas dão o seu testemunho: Helena Biscaia, Marília Gonçalves, poeta popular vivendo em França, Suzel Patrão.

Também de terras longínquas da Suécia recebemos o depoimento do nosso companheiro Serafim Pinheiro, um homem central na história de Abril e da Revolução, mas muito humilde, e que muito tem para dizer. A ver se conseguimos.

Os nossos poetas com os seus poemas, entre eles José Carvalho, que já partiu.

 Também Francisco Batista fala do seu pai João Batista, a quem tanto a ASM deve. Nunca o esqueceremos.

E o editor da obra Moisés Cayetano Rosado um biógrafo de Salgueiro Maia, um dos maiores capitães de Abril ….somos todos capitães….. pelo seu amor, dedicação, alma e coração de Abril, a quem se deve a publicação desta magnifica obra –uns Lusíadas- a quarenta almas  sobre o 25 de Abril. Um viva forte a Moisés Cayetano Rosado, à editora da revista “O Pelourinho” e da câmara de Badajoz pela publicação desta obra, que é de todos e universal.

A intervenção crucial da companheira Natércia Salgueiro Maia representando a ansiedade da mulher que tinha o seu pai, marido, filho , namorado, amigo ou irmão na guerra-  uma ansiedade incomensurável , e, ainda no seu caso o aguentar o que pudesse resultar desta venturosa aventura do 25 abril  74

O verbo  da ainda jovem  Raquel Cedra e dos nossos companheiros espanhóis, entre outros.

Todos, sem excepção, estão representados.

Eia o 25 de Abril na sua mais vera verdade .

Salgueiro Maia Presente

Portugal o Universo Presentes

João Andrade da Silva

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