UM PASSEIO PELO CAVO VERDE
Regresso das ilhas de São Vicente e Santo Antão, no Barlavento de Cabo Verde. Terra dura e vulcânica, onde a luta pela vida é difícil. Muita beleza nos seus picos imponentes, nas suas falésias, nos seus vales basálticos, calcários efusivos, fluxos calcinados...
Todo um deserto em S. Vicente; quase tudo também em S. Antão, excepto o noroeste e outros pontos ligeiros, com água abundante, que desce da serra e ajuda na fertilidade dos vales íngremes, aproveitada em socalcos de culturas tropicais, que têm a pouca água doce de as ilhas: a maior parte do que é necessário deve ser dessalinizado para consumo humano
Muitas
cabras e algumas vacas e porcos são o seu principal gado. A pesca é abundante.
A agricultura é para autoconsumo e ainda assim eles têm de importar uma grande
parte do que necessitam. Completam o difícil equilíbrio da Balança de
Pagamentos com receitas turísticas (mais nas ilhas de “praia” de Sotovento),
alguns investimentos estrangeiros e remessas de emigrantes (cerca de 500 mil
habitantes vivem no arquipélago, e estima-se que sejam 1.500.000 entre
emigrantes e seus descendentes). E muitos mais continuam tentando! No Mindelo
(capital de S. Vicente) pude observar como se reunia um grande número de
pessoas em busca de visto para sair do país, suportando o calor húmido e o sol
do dia enquanto esperavam, abrigadas com guarda-chuvas e panos nas mãos.
Sai com um
contrato de trabalho (emigração legal), de difícil obtenção, ou como turista
(geralmente “camuflado” para ficar na Europa ou na América do Norte), embora
para este último seja necessário comprovar que possui pelo menos 3.000 euros em
uma conta corrente e uma passagem de volta em pouco tempo (embora depois
continuem ilegais lá fora).
A população
tem um problema habitacional crescente (o turismo faz subir os preços, pois há
muitos apartamentos dedicados a ele, bem como casas compradas por reformados
estrangeiros); também a oferta alimentar (mais uma vez o turismo faz subir os
preços, para além do facto de grande parte dos produtos ter de ser importada);
as bebidas alcoólicas têm “preços europeus”. E os salários médios mal
ultrapassam os 300 euros por mês.
Beleza
surpreendente, sim, a destas ilhas, tranquilas, balsâmicas, acolhedoras, onde a
música “explode” com força aos fins de semana e as praias se enchem de alegria.
Onde caminhadas de todos os graus de dificuldade são uma tentação contínua. É
uma pena que a terra não permita que os seus nativos também desfrutem deste
pequeno paraíso!
UN PASEO POR CAVO VERDE
Regreso de las islas de
São Vicente y Santo Antão, en Barlovento de Cabo Verde. Tierra volcánica, dura,
donde la lucha por la vida es difícil. Mucha belleza en sus imponentes picos,
en sus cortadas, en sus valles de basalto, calizas efusivas, coladas calcinadas…
Todo un secarral en S.
Vicente; casi todo también en S. Antão, menos el noroeste y otros ligeros
puntos, con abundante agua, que baja de las montañas y ayuda en la fertilidad
de los empinados valles, aprovechados en terrazas de cultivos tropicales, que
tienen el poco de aguas dulce de las islas: la mayor parte de la que se
necesita hay que desalinizarlas para consumo humano
Muchas cabras y
algunas vacas y cerdos son su ganadería principal. La pesca sí es abundante. La
agricultura es de autoconsumo y aún así tienen que importar gran parte de lo
que necesitan. Completan el difícil equilibrio de la Balanza de Pagos con los
ingresos turísticos (más en las islas “playeras” de Sotovento), algunas
inversiones extranjeras y las remesas de los emigrantes (dentro del
archipiélago viven unos 500.000 habitantes, y se estima que hay 1.500.000 fuera
entre emigrantes y sus descendientes). ¡Y siguen intentándolo muchos más! En
Mindelo (capital de S. Vicente) pude ver cómo se agolpaba gran número de
personas procurando un visado para salir del país, aguantando en la espera el
calor húmedo y el sol del día, resguardados con sombrillas y telas cogidas con
las manos.
Se sale con contrato
de trabajo (emigración legal), difícil de obtener, o como turista (generalmente
“camuflado” para quedarse en Europa o Norteamécia), aunque para esto último hay
que demostrar tener al menos en cuenta corriente 3.000 euros y billete de
vuelta en breve tiempo (aunque luego se continúe como ilegales fuera).
La población tiene un
creciente problema de vivienda (el turismo hace subir los precios, al
disponerse de muchos apartamentos dedicados a él, así como casas que compran jubilados
extranjeros); también de abastecimiento de alimentos (una vez más el turismo
hace subir los precios, aparte de que gran parte de los productos han de importarse);
las bebidas alcohólicas toman “precios europeos”. Y los sueldos medios apenas
suben de los 300 euros mensuales.
Belleza sorprendente,
sí, la de estas islas, tranquilas, balsámicas, acogedoras, donde la música “estalla”
con fuerza los fines de semana y las playas se llenan de alegría. Donde el
senderismo de todos los grados de dificultad es una tentación continua.
¡Lástima que la tierra no dé para que sus nativos disfruten también de este
pequeño paraíso!
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